Capitulo Onze – A Trocada De Porto
Seguro
Porto Seguro é comprovado, historicamente,
como o marco onde o Brasil começou. Mas se você não prestou atenção nas aulas
de história eu vou lhe explicar: Nas caravelas portuguesas de 1500, comandadas
por Pedro Álvares Cabral quando avistaram as Ilhas de Vera Cruz, ou o atual
Brasil, aportaram em Porto Seguro.
Mas enfim, é um lindo
começo para um país, considerando as condições ambientais daquela época dava
para se imaginar a mata verde se erguendo além da faixa de areia do mar, as
índias – que deram origem às baianas de atualmente – andando desnudas pela
relva e admirando a imensa faixa azul do oceano.
Eu desembarquei no
Aeroporto de Porto Seguro-BA, cheio de esperanças de encontrar uma luz, um
caminho para minha vida. O movimento lá era caótico – não tanto como o Santos
Drummond -, mas eu não via em nenhuma silhueta que por mim passava o violão com
som de berimbau de um nativa. Segui de táxi para o meu hotel, dei entrada lá e
segui para a praia.
O movimento na praia
era bem melhor. O sol estava escaldante, as mulheres andavam com seus biquínis
mais curtos e provocavam sem limites os marmanjos daquela faixa de areia
banhada pelo mar. Beldades iam e vinham, eu não me decidia, por que nenhuma
fazia meu coração bater mais forte, era outro órgão do meu corpo que
demonstrava abalos.
Eu continuei caminhando
pelo calçadão tomando uma água no côco gelado até que eu avisto a alguns metros
de mim, em uma duna de areia falando ao telefone, uma mulher baixinha, morena,
cabelos ondulados, peitos e bunda avantajada e lábios carnudos. Era ela! Não
que eu estivesse apaixonado ainda, mas ela me fisgou de tanta excitação.
Fui me aproximando dela
e deu para ouvir um pouco do que ela conversava ao telefone.
- Peu, então você não
vai mesmo deixar de me levar no show da Daniela pra ir jogar bola? – Ela
perguntava irritadíssima. – Ok, faça-me o favor então de não me procurar mais!
– Ela chantageava, mas não pareceu funcionar. – Sabe o que é que eu vou fazer?
Eu vou dar pro primeiro que aparecer!
Essa frase fez efeito e
ela desligou o telefone, afundando o corpo nas dunas. Eu, me aproveitando da
vulnerabilidade dela, fui me aproximando.
- Oi. – Fui falando. –
Tá tudo bem com você?
- Sim… - Ela respondeu,
mas mudou de ideia. – Não! Eu to tudo, menos BEM!
- Shi… Calma. – Eu
sentei ao lado dela e ofereci meu ombro, ao qual ela acolheu, mas depois
percebeu um pequeno detalhe.
- Hey, eu não te
conheço. – Ela levantou-se de um salto.
- Eu sou Charlie. –
Falei.
- Eu sou Preta. – Ela
apresentou-se. – Muito prazer.
- O prazer é todo meu.
– Retribuí. – Se você me dá a liberdade, eu posso saber o motivo da sua
tristeza, Preta?
- Sim. – Ela respondeu
e suspirou. – O idiota do meu namorado vai deixar de sair comigo hoje à noite,
para jogar bola com os amigos.
- Ele deve mesmo ser um
idiota! – Concordei.
- Você é daqui?
- Não, eu sou carioca.
- Você sabia aqui uma
promessa é divida? - Ela perguntou e eu
engoli em seco antes de dar a resposta.
- Não, por quê?