O sol se punha ao longe no horizonte. Eu podia sentir a energia daquele momento. Olhei para os lados e tudo o que podia ver era capim seco se estendendo por quilômetros e quilômetros. Eu não sabia como havia parado lá, a princípio pensei que fosse apenas um sonho, mas tudo me parecia tão real. Eu sentia o cheiro da mata, o capim se esfarelar em minhas mãos e a brisa que vinha oposta ao céu. Definitivamente eu não estava sonhando. Talvez eu tivesse bebido umas a mais e saí por aí, sem destino.
O vento começou a soprar mais forte e a sua força ia aumentando gradativamente, ameaçando provocar um redemoinho. Mas o incrível era que ele soprava para a minha esquerda como se me indicasse esta direção, ou mais do que isso, me obrigasse a ir para aquela direção. Inclinei então levemente a cabeça para a esquerda e a vi.
Sem hesitação, a deusa sentou do meu lado. Sem se incomodar com o capim, o farfalhar do vento e muito menos a minha presença. Nós ficamos calados por um longo tempo, eu não sabia o que dizer.
- Charlie, não é? – Questionou, procurando saber meu nome. Demorou um tempo para que eu assimilasse a perguntar e mais ainda para formar uma resposta concreta e inteligente.
- É... É... Sim! Charlie é meu nome. – Tudo bem, isso não foi nada inteligente, mas pelo menos eu consegui responder.
Ela riu e eu me senti um completo idiota. Novamente eu tinha treze anos e não tinha saído com nenhuma garota. Qualquer individuo do sexo oposto me deixava nervoso, eu não tinha a mínima desenvoltura com as mulheres. Eu temia a rejeição, pensava que todas eram experientes, mais experientes que eu.
- E o seu nome, qual é? – Perguntei quase cantarolando para não gaguejar e ela riu novamente, mas desta vez era um risada modesta.
- Albha. – Respondeu-me salientemente e os hormônios do meu corpo suplicaram por sua liberação imediata, mas eu resisti ao meu próprio veneno.
- Lindo nome. – Elogiei como sempre fazia. Mas a sinceridade era nítida em minha voz. Não tinha como negar que nada era defeituoso nela.
- Obrigada. – Agradeceu e se encolheu um pouco com a súbita temperatura do ambiente que caiu e céu já ganhava tons azulados como pinceladas. Eu a envolvi em meus braços para passar o calor.
- Você sabe como eu vim parar aqui? – Questionei, na ânsia de obter alguma resposta, mas ela pareceu decepcionada.
- Não. – Negou cinicamente, pelo sorriso que abriu era nítido que estava mentindo, mas isso não me incomodou nem um pouco.
- Que pena! – Lamentei. – E você sabe onde nós estamos?
- Sim e não. – Retrucou com a maior serenidade. – Não se preocupe, quando você se der conta já estará de volta em Nova Iorque.
- Isso é estranho, sabia? – Afirmei interrogativamente, mais para mim mesmo do que para ela.
- O que é estranho? – Questionou aninhando-se mais em meus braços.
- Esse lugar, você, o tempo, tudo! – Respondi de forma confusa e então tentei explicar melhor. – É que tudo aqui parecer uma das coisas que eu mais queria. Um campo cheio de capim seco ao por do sol sempre me foi o ideal de paz e tranqüilidade, aí aparece você tão perfeita e o tempo passa mais lentamente ou mais rápido conforme meu desejo. Tudo é tão perfeito.
- É por que este é o seu mundo! – Objetivou. – Eu sou uma invasora, uma clandestina, uma nômade.
- Não. – Neguei irritadamente. – Você é minha convidada especial. Se quiser eu posso te dar a chave desse mundo.
- Não é tão simples assim. Tudo o que você sobre mim é o meu nome. – Eu ainda sou intrusa. Você não pode me negar nada, por que a minha natureza não me permite que seja renegada por um homem.
- Eu não vou te renegar. Jamais. – Afirmei, mas não achei o suficiente então jurei. – Eu prometo.
Cada vez que meus olhos fixavam-se nos dela, eu notava o brilho hipnotizante que eles tinham. Seus olhar era profundo, sereno, quase divino. Eu não fui capaz de notar sequer uma ruga de preocupação na sua face e havia todo um magnetismo de autoconfiança emanando dela que me deixava totalmente desarmado. Seguro. Éramos apenas eu, ela e um imenso vazio.
Eu já sabia o que deveria acontecer naquele momento, eu deveria deitar se corpo contra o solo e beijar-lhe a boca até que estivéssemos nus e fazendo sexo. Mas eu não queria perder a ternura daquele momento. Era tão difícil ter um momento daquele, de paz e sossego. Eu tinha medo de que tudo aquilo acabasse. Porém, o medo era tudo aquilo que tão podia existir naquele momento, Albha me passava segurança e eu sabia que ela não me deixaria depois de uma relação sexual. Minha decisão estava tomada.
- Em que você pensa tanto? – Albha perguntou curiosa.
- No que é certo a se fazer agora. –Respondi olhando para o nada.
- E o que é certo a se fazer? – Quis saber em tom desafiador. Seus olhos agora me olharam como quem está propondo uma competição e o clima que estava rolando mudou completamente.
Seu tom de voz foi para mim um veredicto. Lentamente fui desvencilhando-a do meu tórax e deixei-a pressionada contra o solo. Havia uma possibilidade de o capim seco incomodá-la, mas ela não titubeou. Cuidadosamente fui aproximando nossos lábios até que eles se tocassem e espontaneamente deram origem a um beijo. Minhas mãos desceram dos braços e comprimiram nos seios dela, como se tivessem fazendo uma massagem. Procurei algum fecho onde eu poderia tirar o seu vestido, mas parecia impossível.
- Rasgue-o! – Albha ordenou como se estivesse lendo meus pensamentos.
Dito e feito. Como diz o ditado “Manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Eu não hesitei nem por um segundo em rasgar seu vestido de tecido fino bruscamente. Ela estava sem nenhum lingerie, apenas uma calcinha de renda que foi despida dentro de instantes. O modo como ela agia era muito apressado, ela devia ser muito impaciente. Queria que tudo se resolvesse rapidamente.
Depois de ocorrida a penetração o tempo pareceu voar literalmente enquanto eu me divertia com os gemidos (que mais pareciam risadas) de Albha. Era tudo bom demais, incrível de mais, extraordinário demais. Eu chegava até a desacreditar se aquilo era real, mas aí eu tive a sensação de uma ardência saindo do meu corpo pelo “cano” – se é que me entende – e aquela sensação era única demais para não ser real.
Eu me sentia esgotado. Não tinha força nem para descolar as pálpebras, cada movimento que eu fizesse no meu corpo equivaleria a empurrar um caminhão ladeira acima. Eu não sentia mais o cheiro nem a textura de capim de seco, muito pelo contrario, eu sentia a maciez e o cheiro de lençóis limpos do Plaza. Era difícil de admitir, mas tudo não passou de um sonho. Eu já sabia, só não queria acreditar. Foi tudo bom demais, real demais.
Tentei passar uma seqüência rápida de tudo da minha cabeça, mas o rosto e o corpo da Deusa do Capim Seco estavam enevoados, eu só lembrava o que nós conversamos e da sensação de ejacular – foi tão real que... “Espere aí” pensei para mim mesmo ao ter uma sensação estranha, algo úmido na minha cueca. “Droga!” eu reclamei ao perceber que eu havia gozado de verdade.
Naquele momento não haveria motivação para me fazer levantar da cama, apenas desviei todo tipo de pensamento da minha cabeça e dormi. Sem saber se era dia ou noite, apenas dormi.
Não perca na próxima sexta, o terceiro capítulo, desta grande história!
Uma web novela de João Paulo Alves
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